Na sexta-feira passada, completei duas semanas de trabalho na escola de línguas, período em que a professora de francês que substituí esteve de férias. Durante a primeira semana, assumi uma turma pela manhã, composta de duas alunas que estavam finalizando o nível intermediário. Antes que a semana terminasse, a escola me ligou dizendo que, para a semana seguinte, havia mais duas turmas iniciantes à noite pra mim, o que achei muito bom, pensando na possibilidade de poder continuar trabalhando lá. A semana passada começou e eu continuei com a turma da manhã (com uma aluna somente, iniciando o nível avançado, já que a outra havia retornado ao México após a conclusão do intermediário) e uma turma à noite, de três alunos, já que a outra acabou sendo cancelada por falta de inscrições (somente um aluno havia se inscrito).
A esta altura, eu já estava a par da situação da escola. Trata-se de uma escola de línguas que existe há menos de dois anos e que tem poucos alunos. Daí percebi que, sozinha, uma só professora de francês daria conta do recado. Foi então que, na sexta-feira passada, depois de ter concluído minha aula pra aluna da turma da manhã, fui conversar com o dono da escola a respeito da minha situação (já supondo que não haveria turmas pra mim) e ele me disse que para o mês de agosto não precisaria de mim, pois a outra professora retornava hoje das férias, mas que as inscrições para o mês seguinte já haviam começado e que provavelmente ele me chamaria para setembro, esperando conseguir abrir mais turmas.
Apesar de ter lamentado não poder continuar na escola neste mês, antes da semana passada terminar eu já havia chegado à conclusão de que não daria pra continuar trabalhando lá nesses termos, sem um contrato e à mercê da possibilidade de novas turmas serem abertas. Por isso, antes mesmo de conversar com o dono da escola, eu já estava planejando retomar minha função de enviadora de currículos à procura de um novo trabalho, desta vez muito mais auto-confiante e consciente da minha capacidade de trabalhar aqui como professora de francês. Digo isso porque uma coisa é você dar aulas de língua estrangeira no seu país, outra coisa é você fazê-lo num país em que seus alunos não falam sua língua.Nesse sentido, a experiência que tive nessa escola foi muito enriquecedora. Mesmo no Brasil, eu sempre dei aulas de francês pautadas no mínimo de tradução possível. Era engraçado porque eu já paguei vários micos gigantes na frente dos alunos, fazendo mímicas ou desenhos ridículos na tentativa de fazê-los compreender o que uma expressão, palavra ou situação em francês significava. Só quando todas as possibilidades eram esgotadas é que eu recorria à tradução, principalmente no caso dos alunos com maior dificuldade de apreensão da língua.Aqui em Montréal, tive, por exemplo, uma aluna coreana, uma senhora nos seus 50 anos de idade (a aluna da turma da manhã). No primeiro dia de aula pra ela (eu já havia sido informada sobre ela pela escola, devido à sua saúde frágil), a caminho da escola, eu fiquei imaginando como seria essa questão toda, de ensinar uma língua estrangeira pra uma pessoa mais velha que não tem a mínima ideia a respeito da minha língua materna pela primeira vez. Estive com ela durante as duas últimas semanas e, finalmente, vi algum retorno daqueles micos que paguei no passado (eu sabia que, um dia, eles me serviriam de algum modo e teriam valido a pena... rs).Por isso tudo, eu não posso reclamar. Essa já foi uma oportunidade muito boa, que me deu auto-confiança pra alçar outros voos e me abriu portas. Dos alunos que tive na escola, duas alunas (uma delas, a coreana) pediram meu telefone interessadas em ter aulas particulares comigo, o que, de tudo, foi o que me deixou mais feliz, já que, pra todo professor, penso, não há nada mais valioso que o reconhecimento de seus alunos.Sendo assim, hoje reiniciei minha procura por emprego. Elaborei nove(!!!) cartas de apresentação endereçadas a nove escolas de línguas diferentes. Amanhã pretendo entregar sete delas (todas escolas que ficam no centro de Montréal) e, em outro dia, as outras duas, lááá em Côte Vertu. Para quem também é professor de língua estrangeira (ou simplesmente professor), deixo a dica de três sites em que temos acesso a uma boa lista de escolas de línguas e cégeps (que oferecem cursos ou disciplinas como inglês e/ou francês) em Montréal:- Study in Montreal (site excelente também pra quem está à procura de escolas pra estudar línguas. Contém informações sobre moradia, viagens e trabalhos para estudantes);
Ps. By the way, faz uma semana que a vizinha do andar de cima não faz barulhos após as onze e meia. Esperamos que ela continue assim! B.