sexta-feira, 30 de maio de 2008

Antecedentes criminais Canadá

Como moramos em Montréal durante 8 meses, precisamos retirar um atestado de antecedentes criminais do Canadá (que deverá ser apresentado na parte federal do processo de residência permanente). Assim, no dia 19 de maio, liguei no Consulado para solicitar o envio dos formulários das impressões digitais e das cartas destinadas à Polícia Federal brasileira. A pessoa que me atendeu disse que os mandaria pelo correio por meio de carta registrada e que em cinco dias úteis os papéis chegariam para nós.

Pontualmente, o envelope do Consulado chegou aqui em casa no dia 27 (não tivemos que pagar pelo envio), contendo uma carta que explica os passos para a retirada dos antecedentes,
dois formulários para as impressões digitais (um para cada um de nós) e duas cartas destinadas à Polícia Federal (em que o Consulado solicita à PF que nossas impressões sejam colhidas no formulário da RCMP (Royal Canadian Mounted Police), o qual deve ser assinado, carimbado e datado pelo papiloscopista).


Ontem fomos até a PF aqui de Uberlândia para colher as impressões digitais. Chegando lá, explicamos a situação ao recepcionista, que nos encaminhou ao papiloscopista. Como imaginamos, a PF aqui de Uberlândia jamais havia colhido impressões para a retirada de antecedentes criminais canadenses. Assim, o papiloscopista nos disse que precisaria de um despacho do delegado para que pudesse colher nossas impressões. Ficamos na sala do papiloscopista enquanto aguardávamos a autorização. Dali a pouco, ele retornou com as cartas assinadas pelo delegado... (ufa!). Eu tinha preenchido os formulários a lápis primeiro (com receio de fazer alguma bobeira), então, enquanto o papiloscopista colhia as impressões do Wal no formulário dele, eu preenchia a caneta o meu formulário para que depois não fizéssemos confusão. Minhas impressões foram colhidas em seguida e o papiloscopista assinou, carimbou e datou os formulários. Fomos super bem atendidos e até emendamos conversa com o papiloscopista, que começou a perguntar sobre o Canadá, dizendo que o irmão dele queria ir pra lá.

Tudo certo, terminei de preencher os formulários e, então, nós fomos a uma loja dos Correios para postá-los... surpresa! Os Correios não oferecem o serviço de envelopes internacionais pré-pagos... A questão é que seria bom enviar, junto com os formulários, um envelope pré-pago registrado para que a RCMP nos envie os atestados de antecedentes criminais, porque, se não, eles serão enviados por carta comum, e já soubemos de dois casos em que os atestados foram extraviados por terem sido enviados em carta comum. Por isso, adiamos o envio dos formulários para encontrarmos um lugar aqui em Uberlândia que vendesse envelopes pré-pagos da FedEX, da DHL ou da UPS. Enviamos um e-mail para uma empresa que parece representar a FedEX aqui, mas nos disseram que ela somente realiza serviço de coleta porta-a-porta.

Assim, decidimos enviar os formulários sem o envelope pré-pago, já que, de qualquer forma, os atestados de antecedentes criminais serão enviados ao Consulado (soubemos que, quando o Consulado recebe atestados, eles são confrontados com os processos pendentes). Postamos ontem os formulários (por Sedex Mundi registrado), os quais deverão chegar à RCMP em Ottawa em cinco dias úteis.
Como prometido, segue o passo-a-passo para a retirada dos antecedentes criminais canadenses:

Em primeiro lugar, é necessário dizer que os candidatos à imigração devem apresentar atestados de antecedentes criminais emitidos pelas autoridades competentes de todos os Estados e países onde o candidato residiu por mais de seis meses desde os 18 anos de idade. Atestados são também obrigatórios para o cônjuge e filhos maiores de 17 anos, estejam eles acompanhando ou não.

Dica: solicitar os antecedentes criminais canadenses antes do início da etapa federal do processo, já que, em média, eles são emitidos de 2 a 5 meses após solicitados.

1 -
Entrar em contato com o Consulado Geral do Canadá (+55 11 5509 4343), no setor de vistos e imigração, e solicitar o envio do formulário oficial C-216C (quem mora em São Paulo tem a opção de ir até o Consulado e pedi-lo pessoalmente).

2 - Junto com o formulário, será enviada uma carta em que são explicados, passo a passo, todos os procedimentos para a retirada dos antecedentes. Leia atentamente as informações para evitar enganos ou problemas.

3 -
É enviada, também, uma carta destinada à Polícia Federal, em que o Consulado lhe solicita que providencie as impressões digitais do candidato à imigração. Esta carta deve ser entregue ao agente que for colher as impressões digitais.

4 -
No formulário, observar atentamente todos os campos e preencher os que dizem respeito ao candidato à imigração:
- Signature de la personne dactyloscopiée;
- Nom de famille (y compris noms utilisés précédemment, nom de jeune fille, etc);
- Prénom(s);
- DDN - Date de naissance;
- Sexe;
- Numéro de téléphone;
- Adresse;
- Code postal.

Obs.: Deve-se apresentar o motivo para a retirada dos antecedentes criminais (neste caso, o motivo é a imigração). Existe, no formulário, um campo em que a opção deve ser marcada com um X (o Consulado já havia marcado a opção quando nos enviou os formulários). Além disso, existe um campo em que o candidato à imigração deve informar o número de referência do seu processo federal, se ele já o tiver. Como nós ainda não iniciamos a etapa federal, nós não informamos nenhum número (o Consulado nos informou que o número do processo do Québec não serve para essa referência).

5 - Depois que as impressões digitais tiverem sido colhidas e o formulário tiver sido preenchido com os dados do candidato, o papiloscopista ou a pessoa responsável pelo procedimento deve assinar, carimbar e datar o formulário nos locais apropriados a essas informações.

6 - Por último, deve-se enviar o formulário para o endereço indicado no canto superior esquerdo do documento:

Commissioner, RCMP
Attn.: Identification Services

Directorate, Civil Section

PO Box 8885

Ottawa, Ontario

K1G 3M8
ou
Le Commissaire de la RCMP
À l'att. de la Direction du Service de l'identité judiciaire, Section des affaires civiles
CP 8885

Ottawa (Ontario)

K1G 3M8

Bises,
B.


sábado, 24 de maio de 2008

As sintomáticas filas de espera

Uma das coisas que me incomodam muito aqui no Brasil é a falta de educação, gentileza e senso de coletividade da maioria das pessoas. Esse é um assunto complicado de se discutir, tendo em vista que há milhares de aspectos a serem analisados no que diz respeito aos hábitos coletivos de um povo. Entretanto, meu objetivo não é avaliar as causas desses comportamentos, mas as atitudes resultantes deles.

Jogar lixo no chão, fazer mau uso do patrimônio público, desrespeitar leis (das mais simples às mais complexas), atravessar as ruas fora da faixa para encurtar caminhos, xingar no trânsito e furar filas estão entre as atitudes cotidianas que, talvez, melhor caracterizem a "cultura da vantagem" brasileira no seu estado mais bruto, a qual se tornou um câncer que parece ser incombatível.

Esperar um ônibus aqui em Uberlândia é assistir à clássica cena em que as pessoas fingem formar uma fila, o que chega a ser hilário para não dizer desesperador... a tal da fila na verdade são quatro (ou cinco, ou seis...), porque o que se forma é um "bolo" de pessoas. Pode até ser que inicialmente se tenha algo próximo de uma fila, mas é só o ônibus chegar para, curiosamente, aquele "bolo" aparecer... é nesse momento que as pessoas começam a avançar em direção ao veículo e a se debater na tentativa de serem as primeiras a adentrá-lo, enquanto as que precisam descer do ônibus tentam procurar um espaço (geralmente ínfimo) para, ao menos, posicionarem os pés no chão e depois se desembolarem da multidão num movimento de choque contínuo de ombros, bolsas, sacolas.

Se formos analisar a cena mais meticulosamente, seremos capazes de observar que ali se encontra a barbárie em seu estado mais contemporâneo. Trata-se de uma "simples" cena cotidiana que se assemelharia a um combate armado. Parecem dois exércitos sem tática: o que tenta entrar no ônibus e o que tenta descer dele, sendo que em ambos se verifica uma guerra interna. Do grupo dos que precisam entrar no ônibus, há os que querem entrar primeiro e, por isso, se acotovelam, trocam "bolsadas", empurrões, impropérios; do grupo dos que querem descer do ônibus, há os que querem descer primeiro, porque estão sempre apressados e, assim, tentam atravessar o outro grupo acotovelando-lhe, dando-lhe empurrões... Resultado? A rotina do passageiro se torna desgastante, os roubos são facilitados (foi num desses "bolos" que surrupiaram meu celular no início do ano sem que eu me desse conta disso...) os atrasos e o estresse são maiores PARA TODOS.

Já no Canadá... mais especificamente em Montréal, isso tudo é muuito diferente. Tivemos um choque cultural na primeira vez em que fizemos parte de uma fila de espera por um ônibus na cidade. Primeiramente, as pessoas sabem o que é uma fila indiana e, curiosamente, enquanto o ônibus não chega, elas se posicionam lateralmente na fila e só se dão as costas quando ele chega. Ninguém entra no veículo enquanto todos os que estão dentro dele não tenham descido. Em seguida, uma a uma, as pessoas entram no ônibus calmamente e, da mesma forma, escolhem o lugar em que vão se sentar. Aqui eu abro um parênteses: o assento para idosos é destinado a idosos, assim como o assento para obesos é para obesos (o que, no Brasil, não é respeitado).

Certa vez, estávamos na estação Angrignon à espera do ônibus dentro do abrigo que existe em frente ao ponto (era inverno e estava fazendo muuuito frio). Já havia algumas pessoas que aguardavam na fila, e eu disse pro Wal que eu preferia ficar no abrigo e depois entrar no final da fila a esperar naquele frio. Quando o ônibus chegou, a pessoa que entrou na fila depois que chegamos, um senhor, nos viu indo em direção ao final dela e me disse que nós deveríamos entrar na frente dele porque nós havíamos chegado antes dele... eu disse a ele que aquilo não fazia sentido, já que estávamos confortáveis no abrigo enquanto ele esteve em pé no frio durante todo o tempo e que, por isso, ele deveria entrar primeiro. Surpreendentemente, ele insistiu que nós devíamos entrar antes dele... aceitamos a gentileza dele e lhe agradecemos, estupefatos! Essa é uma cena que depois se mostrou comum a nós, pois a vimos acontecer diversas vezes em contextos diferentes.

Nas escadas rolantes em Montréal, também há um sistema de posicionamento das pessoas que, à primeira vista, não entendemos, mas depois nos explicaram como ele funciona. Se você quer ficar parado e esperar que a escada te leve ao topo, você deve se posicionar à direita, pois à esquerda vão passar as pessoas que não querem esperar até que a escada as conduza ao topo. E todos respeitam isso!

Aí está: se ao invés de agirmos em benefício próprio agíssemos coletivamente, TODOS se beneficiariam... e é justamente esse pensamento de que "se EU facilitar as coisas pra mim, EU vou viver melhor e ter mais" que define e alimenta a tal "cultura da vantagem" no Brasil, a qual segue se estendendo aos setores mais diversos, nas intensidades mais variadas.

Fica a reflexão...

B.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Série Montréal: Parte 2 - STM (cadê o cobrador?)

Em Montréal, o sistema de transporte é de responsabilidade da STM (Société de Transport de Montréal), que realiza 364 milhões de deslocamentos por ano ou 1,3 milhões por dia de semana (85% dos deslocamentos em transporte público do Québec). São 68 estações de metrô, 169 linhas de ônibus diurnas e 20 linhas de ônibus noturnas.

Mapa do metrô de Montréal

A passagem individual custa $2,75 CAD (aumentou desde que voltamos para o Brasil...) e dá direito ao deslocamento completo (ônibus - metrô - ônibus). Funciona assim: quando o passageiro paga a passagem de ônibus, ele recebe um papel que garante sua entrada no metrô. No metrô, ele insere esse papel na catraca para liberá-la e, em seguida, pega outro papel (la correspondance) que deve ser entregue ao motorista do próximo ônibus que ele for pegar. Na "correspondance" vem impresso o horário limite para que o passageiro pegue o próximo ônibus sem ter que pagar uma nova passagem (se eu me lembro bem, o tempo limite é de 1h15).

Assim que se entra no ônibus, logo se vê que as coisas são diferentes no Canadá... não existe cobrador! Então a responsabilidade por levar o dinheiro trocado no valor da passagem é toda do passageiro (o motorista às vezes nem vê o passageiro colocar as moedas dentro da caixinha que fica logo na entrada do ônibus... o sistema é meio baseado na honestidade de cada um e não existe troco! É necessário levar a quantia exata mesmo).

Mas não é financeiramente viável pagar passagem a cada vez que se tem a necessidade de usar o transporte público. Sai muito mais em conta comprar o passe do mês (
CAM mensuelle), que dá direito a deslocamentos ilimitados durante o mês de sua vigência. Quando morávamos em Montréal, o passe do mês custava $60 CAD. Hoje, custa $66,25 CAD. De qualquer forma, vale a pena! Além do passe do mês, existe o passe da semana, a tira de 6 passes e o passe turístico. Para quase todas as modalidades, existe a tarifa reduzida:
  • As crianças de 5 anos ou menos acompanhadas de um adulto não pagam passagem.
  • As crianças com idade entre 6 e 11 anos viajam com tarifa reduzida.
  • Os estudantes de 18 a 25 anos que moram em Montréal podem viajar com tarifa reduzida para o passe do mês sob apresentação da Carte Privilège.
La Carte d'accès au tarif réduit, jusqu'à 18 ans
La Carte Privilège, étudiants de 18 à 25 ans
La carte d'or La Carte d'or, à partir de 65 ans
Aqui estão as tarifas em vigor a partir de 1º de janeiro de 2008.

O que mais nos impressionou sobre o sistema de transporte de Montréal foi a pontualidade dos ônibus e metrôs. Não dá pra sentir falta de carro quando se tem um sistema público de transporte que funcione tão bem! Para cada linha de ônibus existe um folheto (Planibus) com os horários de chegada e partida para todos os pontos e direções. Esse folheto geralmente fica disponível dentro de cada ônibus e na estação de metrô BERRI-UQAM. A STM também os disponibiliza online em formato pdf.

Planibus des lignes de jour
Planibus des lignes de nuit

Além disso, a STM oferece um serviço de cálculo de trajetos que se chama "Tous Azimuts", por meio do qual se pode conhecer o melhor caminho para se chegar a algum lugar em Montréal pelo metrô e pelas linhas de ônibus. Basta fornecer o ponto de partida e de chegada e o "Tous Azimuts" fornecerá até três trajetos possíveis.

Em várias estações de metrô em Montréal existem trabalhos de artistas que as decoram. São trabalhos muito bonitos que tornam os deslocamentos mais agradáveis... Seguem algumas fotos de "L'art dans le métro":

Montréal também conta com um sistema de trens que é de responsabilidade da AMT (Agence Métropolitaine de Transport).

Link de acesso ao mapa dos "trains de banlieue".

À la prochaine!
B.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

On frappe à la porte!


Há quanto tempo não escrevo aqui, né... ô correria! Estou vindo aqui hoje só pra dizer que, depois da confirmação de recebimento do dossiê, tudo está correndo "nos conformes". A taxa de análise do dossiê já entrou pra nossa fatura e será debitada no fim do mês. Ontem até recebemos uma carta do BIQ de SP aqui em casa contendo o mesmo texto do e-mail de confirmação... por que a mandaram? Não sei, mas já a colocamos na nossa pasta de documentos do processo.

Além disso, estamos começando a nos organizar para pedirmos os antecedentes criminais do Canadá (que serão necessários na etapa federal do processo). Ontem tivemos acesso às informações de que precisávamos para solicitá-los (deixo aqui meus agradecimentos ao Luciano e à Mariana, da comunidade "Quero ir pra Québec", pelos esclarecimentos prestados a nós).

Ainda nesta semana telefonarei ao Consulado do Canadá em SP para solicitar o envio do formulário de impressões digitais que precisamos enviar a Ottawa. Postaremos aqui, em seguida, o passo a passo para a solicitação de antecedentes criminais canadenses.

Des becs à tous!

B.