terça-feira, 4 de agosto de 2009

Nossa vizinha do andar de cima


Enquanto eu tô aqui escrevendo este post, olhem que beleza, eu nem preciso ligar nosso som ou o Winamp pra ouvir música porque o kuduro da vizinha do andar de cima já invadiu nosso apartamento há algumas horas. Desde que a gente se mudou pra cá no dia 1º de julho, temos exercitado nossa paciência e nossa capacidade de achar graça em coisas que originalmente seriam irritantes como uma maneira de levar a situação de forma mais leve.

Na nossa primeira semana aqui, um grande mistério se apresentou pra nós e nos ocupou durante vários dias: o que o pessoal do andar de cima está fazendo pra produzir esse barulho todo? Era engraçado demais... quando a gente ia se deitar pra dormir, ficávamos os dois olhando pro teto, tentando decifrar a origem daquelas pancadas. Eu me lembro do Wal dizendo "será que eles estão jogando hockey lá em cima?" Gente, sem exagero, o globo de luz tremia e a gente ficava sem saber se saía correndo do quarto considerando a hipótese do teto cair sobre nós. Durante esses dias, era comum eu acordar durante a noite pensando que alguém tivesse entrado na nossa casa. Parecia que o barulho vinha de dentro do nosso apartamento. Esperamos duas semanas antes de fazer qualquer coisa a respeito disso, pensando que talvez a suposta família do andar de cima acabava de se mudar e estava colocando os móveis no lugar. Tudo bem que as construções aqui no Canadá não ajudam muito no quesito isolamento acústico, mas o problema não era esse... eram mesmo os vizinhos.

Até então, a gente ainda não havia decifrado a origem dos barulhos infernais nem fazia ideia de quantas pessoas moravam no tal apartamento do andar de cima. Foi quando começamos a coletar algumas evidências e chegamos à conclusão de que se tratava de uma mulher e seus dois filhos de aproximadamente sete anos de idade que ficavam acordados até altas horas da madruga brincando de pular pelo quarto (acreditamos que seja este o cômodo no andar de cima que coincide com nosso quarto). Até que chegou um dia em que a coisa toda ultrapassou todos os limites possíveis e eu disse pro Wal "vamos lá em cima agora". Observação: eram três horas da manhã e os moleques estavam no auge da sua agitação, a qual havia começado às onze e meia! De pijama e irritação nível máximo, batemos na porta da vizinha. Lá de dentro, lembrando, às 3 da manhã, ela grita "Qui eeeest-ce?" e eu respondo "C'est votre voisine". Na mesma hora, antes da porta ser aberta, ela grita pros filhos "Arrêteeeeez!". Outra mulher abre a porta e a gente, educadamente, pede que ela peça às crianças pra fazerem menos barulho porque a gente não estava conseguindo dormir. Miraculosamente, reina o silêncio. Por menos de um dia, porque, no dia seguinte, começou tudo de novo.

Estamos aqui neste apartamento há mais de um mês e até agora só vemos o inventário de barulhos da vizinha aumentar: além da música alta (um kuduro que se repete incansavelmente) que ela escuta não importa a que hora do dia ou da noite, as crianças, que achávamos que eram duas e vimos que são quatro (as outras duas, acreditamos, são filhos da outra mulher que abriu a porta pra nós e que muito provavelmente mora no prédio também), fazem absolutamente tudo que querem, na hora que querem e gritam muito, o que é completamente compreensível, já que a mãe deles só conversa com eles gritando. Outro dia, a vi jogando dois sacos de lixo pela sacada dela (ela mora no segundo andar), que fica, naturalmente, logo acima da nossa. Estamos nós aqui na sala quando, de repente, boom! Era a mulher arremessando os tais sacos gigantes de lixo lá de cima. Mas o dia em que eu realmente fiquei passada foi quando eu vi a outra mulher (a gente nem sabe mais quem é quem, porque elas são bem parecidas) buscar os dois filhos pelo braço, gritando com uma colher de pau na mão na ruelazinha que existe nos fundos do nosso prédio. Detalhe: assisti da nossa sacada à mulher batendo nos filhos com a colher de pau enquanto ela gritava e os meninos se esgoelavam numa choradeira só.

Na noite da sexta-feira passada, véspera da minha prova seletiva pra entrar curso de Tradução da UdeM (daqui a duas ou três semanas fico sabendo se passei), o barulho excedeu todos os limites novamente (o barulho é sempre excedente, mas tem hora que não dá pra ignorar) e o Wal foi lá em cima falar com a mulher. Era uma e meia da manhã e a gente já estava tentando pegar no sono há um tempão. O Wal foi lá e disse "Arrête! No more, ok?" E a mulher "Oui, oui". E o Wal "ok???", e a mulher "Oui, merci!" rs rs rs. Foi muito engraçado ouvir o Wal contar como foi a coisa toda... ele disse assim "Desta vez a mulher até merci falou" rs rs rs.
Detalhe (essa história é cheia de detalhes): neste mesmo dia, à tarde, quando o Wal se encontrou com o proprietário do prédio pra pagar o aluguel do mês de agosto, ele já havia feito uma reclamação sobre a vizinha, tendo em vista que a coisa estava fora de controle há muito tempo. O proprietário disse "ah, essa mulher... ela já deu muito trabalho, muita gente já reclamou..." e ficou de tomar providências. Ahã... Eu disse pro Wal que, dependendo de como a coisa continuar (e tem continuado), nós vamos ligar pro proprietário e dizer a ele que, se ele não fizer nada, nós vamos ligar na casa dele a cada vez que a vizinha estiver fazendo barulhos e cia, o que geralmente começa a acontecer após as onze da noite. Talvez assim ele tome alguma providência.

B.

Ps. Fica a dica: quando for alugar um apartamento, pergunte ao morador que está saindo se ele tem algum vizinho problemático.

8 comentários:

Lidia Barreiros disse...

nossa meu!!! que pesadelo!!
:O

Aline Nolasco disse...

Caramba... Lembranças há muito enterradas vieram à memória agora... Já tive essa experiência nada agradável com vizinhos de cima: móveis sendo arrastados à meia noite, o ventilador de teto que ameaçava cair a qualquer momento de tão absurda que era a bagunça no andar de cima, gente berrando, música alta... E olha que em um prédio antigaço do Rio de Janeiro (perfeito em isolamento acústico - até elefantes se mudarem para o apartamento). Falamos com eles também, e até hoje não olham na nossa cara.. heeheheheh
Jório sempre comenta que o melhor seria realmente encontrarmos um segundo andar de um sobrado, ou um terceiro, não importa exatamente, desde que não tenhamos vizinhos de cima...
Boa sorte!!!!

Bea disse...

Gente... que horror!!!

Sinto muito B :(

Mas olha, não tem como reclamar sei lá, pra polícia que seja? Sei que é pegar pesado demais, mas se de repente o proprietário não resolver, vcs não podem reclamar em algum órgão no próprio bairro?
Sei lá... que chato isso!

Pelo visto esses meninos estão sendo criados que nem batata... denuncia que eles ficam acordados até às 3 da manhã pro juizado de menores (nem sei como chama isso aí) rsrsrsrs

Beijos
Bia.

Blog do Tavares disse...

hehehhehehe

O negócio é manter o bom humor :D

Pra gente que tá aqui, a situação bem que é engraçada, a Monalisa mesmo morreu de rir :D

Bjão!!

Pam disse...

Nossa que horror, só rindo pra não chorar...e eu sei como é ouvir kuduro sem parar, quando eu viajei pro quebec, onde fiquei tinha muito africano e não importava aonde eles estivessem eles colocavam essas musicas pra tocar, uma vez até em um bar de salsa no final da noite acabaram por fazer tocarem a musica deles...haha

Arroz disse...

Desculpem-me mas me rachei de rir (detalhe que estou no trabalho) quando li o BOOOMMM da sacada!!!!
911 resolve isso rapidinho, se falar que a mulher bateu nas criança melhor ainda, dá prisão! Aí vcs podem dormir sossegados até um mexicano morar lá e começar a ouvir e cantar suas músicas...
Por isso moro no último andar... hehehehe
Um abraço pra vcs!

Unknown disse...

Barbrette
A próxima vez chega pra ela e fala:
"tá boa né bein, sossega!"
uhahuahu
Que treta... pior que aqui no prédio!
¬¬'
Bessos

Anônimo disse...

Olha só que coisa... minha visinha de cima não chega a tanto, mas ela é chata gente, o pior que a velha é feia e isso me irrita ainda mais. Ela conta moedas e deixa cair no chão (detalhe: as 03:00 da manhã... quem conta moedas a esta hora?) esfrega algo com som de metal no chão e isso tudo ela só faz na hora de dormir (nossa hora né..) Todos os ruidos ela faz no comodo que penso ser quarto, por que é justamente acima do nosso quarto que vem o barulho todo. Isso mais me parece com comportamento de psicopatas já que tem varios tipos destes... bjs a todos. Giovana